O diretor Comercial e de Operações da empresa, Madson Valente, durante entrevista de rádio.
A seca e os focos de incêndio no Pantanal sul-mato-grossense têm alarmado as autoridades públicas, apresentando um dos maiores desafios da história para a região, exigindo decisões emergenciais que garantam tranquilidade à população, preservação ambiental, sobretudo, a garantia da segurança hídrica nos municípios que compreendem a região.
A Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul) atesta que nunca enfrentou um nível tão crítico como o atual do Rio Paraguai, que abastece municípios como Corumbá, Ladário e Porto Murtinho.
Durante entrevista de rádio, na terça-feira (9), o diretor Comercial e de Operações da empresa, Madson Valente, detalhou o sistema de captação de água na região e garantiu que a companhia de saneamento está preparada para um possível agravamento da crise, conforme previsões climáticas dos institutos.
Madson explicou que a Sanesul antecipou-se a essa situação já em fevereiro, tomando medidas preventivas e planejando investimentos. Assim, a empresa se adiantou à determinação da ANA (Agência Nacional de Águas), que em maio exigiu de todas as companhias públicas de saneamento a elaboração de um plano de contingência.
Ele disse que, diante das previsões climáticas, tomou a iniciativa de procurar o presidente Renato Marcílio para expressar sua preocupação, quando então decidiram baixar uma portaria e estabelecer um grupo de trabalho para se precaver contra todas as previsões, que infelizmente vêm se confirmando.
"Nos preparamos e, em maio, a Agência Nacional de Águas, nos enviou um alerta sobre a situação e cobrou de todas as empresas, incluindo a Sanesul, um plano de contingência", reforçou.
O diretor comentou na entrevista que devido à ação preventiva tomada em fevereiro, a Sanesul acabou se tornando referência para a ANA.
"Tudo o que a agência recomendou em maio, nós já havíamos implementado em fevereiro. Estamos preparados para um nível crítico, com balsas, motores estacionários e mangotes prontos para buscar água onde for necessário", afirmou Madson.
Captação
Madson explicou que, em Corumbá, Ladário e Porto Murtinho, a captação de água é feita exclusivamente do Rio Paraguai, pois não é possível utilizar poços na região devido à qualidade inadequada da água subterrânea.
Ele destacou que a água obtida desses poços é imprópria para consumo, pois é salobra e requer um tratamento especial, o que eleva os custos e, consequentemente, resulta em tarifas mais altas. Por isso, é essencial realizar a captação diretamente do Rio Paraguai.
Chuva não é suficiente
O diretor Comercial e de Operações mencionou que, embora as chuvas recentes tenham proporcionado algum alívio climático, já que os moradores dessas cidades enfrentam há tempo a seca e a fumaça das queimadas, não são suficientes para elevar o nível do Rio Paraguai.
“Na verdade, isso ameniza a situação, porque diminui o calor, diminui as queimadas. É uma contribuição, mas naquilo que tange ao Rio Paraguai nós precisamos de um volume de muita água para recuperar o nível. E essas chuvas têm que ocorrer principalmente na cabeceira do rio, que é no estado de Mato Grosso, próximo a Cuiabá”.
Madson explicou que o volume de água no Rio Paraguai leva 45 dias para chegar a Corumbá, o que é necessário chover bastante.
Ele observou que as chuvas dentro do estado contribuem, mas a vazão dos afluentes do Rio Paraguai, como os rios Coxim, Aquidauana e Miranda, é uma contribuição limitada e não torna o rio caudaloso. O que realmente faz a diferença, segundo ele, são as águas que vêm do norte.